O Mundo Barroco

 A origem da palavra “Barroco” designava uma pedra irregular. Essa era também, por extensão, a forma para designar uma figura de silogismo, um tipo de raciocínio que, sob a aparência de um rigor impecável, confundia o falso e o verdadeiro, ocultando uma argumentação capiciosa.
O barroco é uma época em que encontramos misturados os mais fortes contrastes. Um progresso enorme no pensamento racional e no conhecimento da natureza, ao lado de superstições, astronomia, alquimia, quiromancia, feitiçaria, a aparição de critérios de tolerância ao lado de um quietismo místico, a concepção cética, irônica e satírica do mundo ao lado de uma crença absoluta nos milagres, um prazer evidente do luxo e da suntuosidade ao lado de uma recusa teimosa de toda ostentação exterior.
Os contrastes, no barroco, aparecem de maneira particularmente caracterizada e definem o conjunto. E é isso que empresta ao barroco seu caráter de dualismo, complexidade e variedade. Sentimo-nos transportados para o meio de uma massa em efervescência, agitada por vagas incessantes, palpitações e clarões. Dentro desse movimento flutuante, o catolicismo tenta conservar suas prerrogativas, afirmar e consolidar seu domínio mediante uma propaganda dirigida à alma e ao espírito, aos olhos e às orelhas, ao mesmo tempo em que atrai e que escolhe, na estrutura espiritual da época, tudo o que lhe parece útil a seu objetivo de exercer sobre as almas uma ação sugestiva.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO BARROCO

Apesar das diferentes interpretações que se verificaram nos diferentes países e regiões, determinadas por diferentes contextos políticos, religiosos e culturais, este estilo apresentou algumas características comuns, como:
→ a tendência para a representação realista;
→ a procura do movimento e do infinito;
→ a tentativa de integração das diferentes disciplinas artísticas;
→ emocional sobre o racional: o seu propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-se no princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da emoção e não apenas pelo raciocínio;
→ busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas;
→ violentos contrastes de luz e sombra;
→ pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade conseguida;
→ a amplitude, a contorção e a exagerada riqueza ornamental, ausência de espaços vazios e o gosto pela teatralidade.


A ARTE

A arte barroca não é um estilo tátil, e sim visual, não admite perspectivas não-visuais e é uma arte que dissimula em vez de revelar. No barroco a composição é dissimétrica, sem um centro de interesse claramente definido, muitas vezes relegando ao segundo plano o tema principal do quadro. Este contém figuras que não raro transbordam para fora dos limites da moldura, possui alguns elementos claramente delineados e outros apenas esboçados, deixando que o jorro de cores, luzes e sombras esbatam alguns dos contornos, ostenta ornamentação que serve para dissimular as linhas de força.
As linhas que o pintor traça estão ali mais para ocultar do que para revelar, aos olhos do espectador, formas que, em seu dinâmico caos, parecem carecer totalmente de um plano. A tela barroca dá muitas vezes a sensação de estar inacabada, de ser uma obra em progressão.
Um desses sistemas de conceitos para a compreensão da obra de arte foi elaborado por Heinrich Wolfflin no princípio do século XX. Tal sistema revelou- se bastante eficaz para a compreensão dos modelos artísticos do Renascimento e do Barroco, que foram tratados comparativamente pelo autor tomando-se por base a pintura e a arquitetura.

“È del poeta il fin la meraviglia:
Chi non sa far stupir vaga alla striglia.”

Sem tomarmos como referência a artes plásticas e a literatura barroca, podemos esperar da música as mais ricas complexidades polifônicas e a expressão de uma religiosidade mística. Porém, o gênero musical do século XVII não tem relação com a religiosidade mística: é a ópera, que possui o canto solista homofônico.

A ÓPERA

A Ópera do Barroco Médio já é a arte aristocrática, da corte, assim como a arquitetura e a pintura da mesma época, ela é suntuosa e pomposa. Mas assim como nas artes plásticas barrocas, existe nela uma tensão íntima, produzida pela presença do elemento realista.
O Século XVII é, nas artes pláticas de Bernini e Rembrandt, El greco e Vermeer, Velazquez e Caravaggio. Na literatura estão Cervantes e Shakespeare, Done e Molière, Calderón e Racine. Na música foram produzidas poucas obras como as de Monteverdi, Schuetz e Purcell.
O estilo Barroco não foi visto como uma reviravolta revolucionária, mas como um progresso. Neste período, eles tentavam resgatar a Arte Grega Antiga. Era estudado os testemunhos literários da Antiguidade, fortalecendo desta forma que os gregos, na poesia e no teatro, tinham empregado os recursos da palavra e do canto para dar expressão aos sentimentos. 


ÓPERA FLORENTINA

A Ópera Florentina tem origem literária. Em torno do mecenas Bardi reuniu-se um grupo de eruditos e literatos, entre eles Vicenzo Galilei, o pai do astrônomo, para estudar os motivos do fracasso dos poetas italianos do século XVI de imitar a tragédia grega. Tinham sido muitos os equívocos com respeito à arte de Sófocles e Eurípides. Sobretudo, os poetas italianos não tinham prestado atenção ao fato de que os papéis, na tragédia antiga, foram ditos numa espéciaEurípedes.

MONTEVERDI E O "ORFEO"

Claudio Giovanni Antonio Monteverdi (1567-1643) foi maestro de música na corte de Mântua e em seguida regente do coro da basílica de San Marco, em Veneza. Foi um homem combativo, consciente do seu papel revolucionário em uma arte multissecular. Suas Vesperae Virginis (1610), terminam com uma Missa a capela para 6 vozes, em estilo palestrino. Ele introduziu na música sacra os modos e meios de expressão da ópera.
O mais célebre músico da mitologia grega, Orfeu perde sua amada Eurídice logo depois de se casar com ela, e tem que usar seu canto para resgatá-la do reino dos mortos. Escrita em 1607, "Orfeo" é a primeira obra-prima de um gênero que mudou a história da música: a ópera. Seu autor, foi uma figura-chave na transição entre o Renascimento e o Barroco. Se até Monteverdi a ópera era um árido experimento intelectual, a partir de "Orfeo" se transforma em uma manifestação artística completa e sublime, com participação central na vida cultural europeia dos séculos subsequentes.
Monteverdi explorou a fundo a verdade da expressão. Foi o primeiro que soube exprimir a tristeza, o desespero, a paixão, o triunfo. Escrevia conscientemente, de maneira homofônica. Chega as dissoâncias, não porque não sabe evitá-las, mas quandodo quer encontra-las, resolvendo-as pelos acordes harmônicos do baixo-contínuo. É música moderna.

O TEATRO E A MÚSICA BARROCA

O teatro francês, ao contrário do inglês e do espanhol, consegue adaptar-se ao gosto refinado do público aristocrático a que se destina. Obedece a regras muito rigorosas: o tema é obrigatoriamente imitado de um modelo greco-romano; as unidades aristotélicas têm de ser respeitadas; a regra do "bom gosto" exige que a ação, de construção lógica e coerente, nunca mostre situações violentas ou ousadas; o texto, em geral em versos alexandrinos, é muito poético. A fundação da Comédie Française por Luís XIV (1680) transforma o teatro numa atividade oficial, subvencionada pelo Estado.
Autores franceses – EmCid, Pierre Corneille descreve o conflito entre o sentimento e a razão; e esta última é vitoriosa. Jean Racine (Fedra) pinta personagens dominados por suas paixões e destruídos por elas. Em suas comédias, Molière cria uma galeria de tipos (O avarento, O burguês fidalgo) que simbolizam as qualidades e os defeitos humanos. Em todos esses autores se notam traços que vão se fortalecer no neoclassicismo.
Molière (1622-1673), pseudônimo de Jean-Baptiste Poquelin. Filho de um rico comerciante tem acesso a uma educação privilegiada e é desde cedo atraído pela literatura e a filosofia. Suas comédias, marcadas pelo quotidiano da época, são capazes de criticar tanto a hipocrisia da nobreza como a avidez do burguês ascendente. Suas principais obras sãoO avarento,O burguês fidalgo,Escola de mulheres,Tartufo,O doente imaginário.
Na Inglaterra, o teatro encontra-se em um período de crise, que começa quando, após a Revolução Puritana, em 1642, Oliver Cromwell fecha os teatros. Essa situação perdura até a Restauração (1660).
Autores ingleses – No início do século XVII, destacam-se John Webster (A duquesa de Malfi) e John Ford (Que pena que ela seja uma prostituta). Depois da Restauração os nomes mais importantes são os dos colaboradores Francis Beaumont e John Fletcher (Philaster).
Na Itália, o teatro falado é pouco original, copiando modelos da França. Mas na ópera ocorrem revoluções que modificam o gênero dramático como um todo. Em 1637, a Andromeda, de Francesco Manelli, inaugura o teatro da família Tron, no bairro veneziano de San Cassiano, modelo para casas futuras.
Espaço cênico italiano: troca-se a cena greco-romana pelo "palco italiano", com boca de cena arredondada e luzes na ribalta, escondidas do público por anteparos. Pela primeira vez é usada uma cortina para tampar a cena. As três portas da cena grega são substituídas por telões pintados que permitem efeitos de perspectiva e é introduzida a maquinaria para efeitos especiais. Apagam-se as luzes da sala durante o espetáculo, para concentrar a atenção do público no palco. Há uma platéia e camarotes, dispostos em ferradura. A ópera torna-se tão popular que, só em Veneza, no século XVII, funcionam regularmente 14 teatros.

GRANDES VULTOS ARQUITETÔNICOS

O Barroco nasceu na Itália, mais especificamente na Roma Papal seiscentista. Três arquitetos protagonizaram o desenvolvimento deste estilo: Gian Lorenzo Bernini, o mais monumental, Borromini, mais original e Piero da Cortona. A pequena igreja de San Carlo Alle Quatro Fontane, projetada em 1665 por Borromini, constituiu um dos mais notáveis edifícios construídos neste período pela extrema complexidade e dinâmica da planta, pela total subversão das regras tradicionais e pela forma ondulante das paredes.
Fora de Roma, destaque para a igreja de Santa Maria della Salute, de Veneza, projetada por Baldassare Longhena e para os trabalhos de Guarino Guarini, de inspiração borrominiana, como a Capella della Santa Sindone, em Turim.
O Barroco francês assumiu características simultaneamente mais monumentais e clássicas. O seu afastamento relativamente à estética italiana foi afirmado com recusa do projeto de Bernini para a ampliação do Louvre. Este estilo encontrou a sua máxima expressão no Palácio de Versalhes, uma residência real construída nos arredores de Paris por Louis XIV, projetada pelo arquiteto Louis le Vau e pelo jardineiro André le Nôtre, que integra um vasto palácio e um enorme jardim estruturado por longos eixos e pontuado por estátuas, fontes e um enorme canal.
As guerras na Alemanha e a invasão Turca da Áustria condicionaram grandemente a introdução do estilo barroco nestes países. Por esta razão, o Barroco alemão e austríaco foi desenvolvido mais tardiamente e, embora se fundamente em modelos italianos, a sua exuberância decorativa denuncia conceitos já próximos do estilo Rococó.
Na Inglaterra este estilo foi protagonizado por Sir Christopher Wren, autor de muitos projetos para reconstrução das igrejas de Londres, dos quais se destaca o da Catedral de São Paulo, iniciada em 1675.

PINTURA BARROCA

Na pintura verificou-se, neste período, além de transformação estilística, o alargamento dos gêneros e das próprias dimensões desta forma de arte, de maneira a integrar organicamente os espaços arquitetônicos.
Esta pintura em trompe l'oeil, aplicada em paredes e tetos constituiu uma das mais originais contribuições do Barroco.
Esta atividade artística recorreu a cores quentes (amarelos, vermelhos, dourados), a jogos de luzes e sombras, a arte do retrato acentuou-se.
O mais influente pintor deste período foi o italiano Caravaggio, famoso pelas pinturas religiosas nas quais os contrastes entre a luz e sombra na modelação dos corpos e dos espaços introduzem á uma atmosfera dramática de intensa espiritualidade.
A pintura barroca flamenga afirmou-se através dos trabalhos de dois artistas, bastante diferentes entre si: Peter Paul Rubens, autor de uma pintura vigorosa, sensual e teatral, e Rembrandt van Rijn, pintor mais introvertido, executou inúmeros auto-retratos inspirados na linguagem intensa e dramática de Caravaggio.
Na Espanha, a pintura atingiu um elevado nível artístico, protagonizada por Diego Rodríguez da Silva e Velásquez, por Bartolomeu Murillo e por Francisco Zurbarán. Velásquez, pintor oficial da corte e um dos mais originais artistas barrocos, realizou a sua obra-prima, "As Meninas", em 1629.
Já na França, o caravagismo de sentido intimista da pintura de Georges de La Tour opõem-se a vertente mais classicista dos trabalhos de Nicolas Poussin e o caráter cenográfico das pinturas de Charles le Brun para o Palácio de Versalhes.
A ESCULTURA BARROCA

Na escultura barroca procurou-se explorar o dramatismo das figuras representadas, tentando suscitar os sentimentos do observador. Esta arte caracterizou-se pelo movimento, expressão de sentimentos fortes, dor, sofrimento, paixão, e pelo grande exagero das formas. A escultura barroca encontrou o seu paroxismo nas obras do italiano Gian Lorenzo Bernini, caracterizadas pelo virtuosismo técnico e pela tentativa de captar o movimento em momentos fugidios, caso das peças "Apolo e Dafné", realizada entre 1622 e 1624 ou no "Êxtase de Santa Teresa", de 1645.


LITERATURA BARROCA

O termo “barroco” abrange em literatura uma serie de denominações. Em Portugal e Espanha, seiscentismo, conceptismo (ou conceitismo), cultismo (ou culteranismo); na Itália, marinismo e seiscentismo; na França, preciosismo; na Inglaterra, enfuísmo; e, na Alemanha, silesianismo.
São características do Barroco literário: linguagem pomposa, imagens sutis e freqüentemente obscuras; musicalidade, descritivismo, exploração das possibilidades fonéticas da língua, objetivando salientar os contrastes conceituais; utilização do paradoxo, criando um estilo rebuscado, onde predominam os jogos de palavras, oposições e idéias abstratas; procura de imagens e sugestões fora da realidade; virtuosismo; amplo uso de alegorias, hipérboles, paralelismos, repetições, anáforas e antíteses; exacerbação dos sentimentos e gosto do requinte; estilo sentencioso e preocupação moralizante; ritmo sincopado e metáforas sinuosas, espiraladas, ligando imagens complexas, tais como as volutas que caracterizam o estilo barroco na arquitetura.
Principais representantes: Góngora, Quevedo, Cervantes, Lope de Vega, Calderón de la Barca, Tirso de Molina (Espanha); Tasso, Marino, Guarini, Della Porta (Itália); Montaigne, Pascal, Corneille, Racine, Boileau (França); Lily, Donne, Bacon (Inglaterra); Silesius, Gryphius, Opitz (Alemanha); Sóror Mariana de la Cruz, Hojeda, Balbuena, Caviedas (América espanhola).

O BARROCO JOANINO (PORTUGAL)

Em Portugal, o barroco atingiu o seu esplendor na primeira metade do século XVIII, com D.João V.
As remessas de ouro do Brasil permitiram que D.João V chamasse artistas estrangeiros e mandasse realizar várias obras de arte. As várias vertentes da produção artística ao longo do reinado de D. João V receberam a designação genérica de Barroco Joanino. Contudo, este extenso período de 44 anos, apesar de se consubstanciar em torno da figura do Magnânimo e da sua política absolutista, não apresenta uma homogeneidade de correntes artísticas. Nesta classificação abrangente integram-se diferentes manifestações da arte barroca setecentista.
Caracterizando o reinado de D. João V, podemos afirmar que este foi marcado por um longo período de paz, após as desgastantes lutas da Restauração. O tempo de D. João V coincide com o despertar do ciclo econômico do ouro e dos diamantes do Brasil, mais-valia preciosa que incrementará uma renovada política de mecenato de grandes edificações, quer de patrocínio da Coroa, quer ainda de iniciativa do Clero e da alta nobreza. Esta opulência e enriquecimento refletiram-se no aparato e na monumentalidade das obras de arte, concebidas numa triunfante linguagem barroca.
No campo artístico, a procura de uma encenação grandiosa do poder foi acompanhada por uma abertura e pelo estabelecimento de contatos com tratados, obras de arte e artistas estrangeiros. Isto traduziu-se numa clara influência do Barroco internacional, sobretudo a partir do segundo quartel do século XVIII, altura em que a severidade característica do Barroco Nacional vai cedendo lugar à renovada linguagem deste Barroco estrangeirado.
A corrente de renovação assolou todo o país e manifestou-se nas mais diversas produções artísticas. A arquitetura, a escultura e a pintura, bem assim como as artes decorativas, foram incrementadas e personalizadas por vários artistas portugueses e estrangeiros.
O triunfo do Barroco Joanino conferiu uma expressiva teatralidade de atitudes e gestos à escultura em madeira e pedra, enquanto a arte da pintura assimilava o colorido excessivo e a lição das pinturas em perspectiva e de ilusão, cobrindo os tetos e cúpulas dos templos e palácios setecentistas. No capítulo das artes decorativas, para além das excelentes obras de ourivesaria de influência italiana e francesa, uma harmonia em azul, branco e dourado apossou-se da talha e do azulejo, duas das áreas artísticas que atingiram uma originalidade maior. Os interiores dos templos religiosos foram inundados por uma dinâmica e excessiva onda dourada de talha, contrastando harmoniosamente com o azul e branco dos tapetes de azulejaria, revestindo as paredes com a sua temática de episódios religiosos e profanos.

MÚSICA INSTRUMENTAL

Durante o período barroco, a música instrumental passou a ter importância igual à da música vocal. A orquestra passou a tomar forma. No início a palavra ‘orquestra’ era usada para designar um conjunto formado ao acaso, com os instrumentos disponíveis no momento. Mas no século XVII, o aperfeiçoamento dos instrumentos de cordas, principalmente os violinos, fez com que a seção de cordas se tornasse uma unidade independente. Os violinos passaram a ser o centro da orquestra, ao quais os compositores acrescentavam outros instrumentos: flautas, fagotes, trompas, trompetes e tímpanos.
Um traço constante nas orquestras barrocas, porém, era a presença do cravo ou órgão como contínuo, fazendo o baixo e preenchendo a harmonia. Novas formas de composição foram criadas, como a fuga, a sonata, a suíte e o concerto

ROCOCÓ

Rococó é o estilo artístico que surgiu na França como desdobramento do barroco, mais leve e intimista que aquele e usado inicialmente em decoração de interiores.
Desenvolveu-se na Europa do século XVIII, e da arquitetura disseminou-se para todas as artes. Vigoroso até o advento da reação neoclássica, por volta de 1770, difundiu-se principalmente na parte católica da Alemanha, na Prússia e em Portugal.
Os temas utilizados eram cenas eróticas ou galantes da vida cortesã (as fêtes galantes) e da mitologia, pastorais, alusões ao teatro italiano da época, motivos religiosos e farta estilização naturalista do mundo vegetal em ornatos e molduras.
O termo deriva do francês rocaille, que significa "embrechado", técnica de incrustação de conchas e fragmentos de vidro utilizado originariamente na decoração de grutas artificiais.

Características gerais: · Uso abundante de formas curvas e pela profusão de elementos decorativos, tais como conchas laços e flores. · Possui leveza, caráter intimista, elegância, alegria, bizarro, frivolidade e exuberante.

GERAÇÃO DE 1660 – 1670

Para a grande explosão de vocalismo da virada do século XVII para o XVIII, concorrem vários fatores: as grandes escolas de canto do castrati Francesco Antonio Pistocchi e Antonio Maria Bernacchi, às quais virá juntar-se mais tarde a do compositor Nicola Porpora, reforma arcádica do libreto e a contribuição fundamental de alguns operistas aqui mencionados. Estes nomes formam a ponte entre o trabalho precursor de Alessandro Scarlatti e a fase áurea que será dominada por Vivaldi, Haendel e Hasse.

GERAÇÃO DE 1680-1690

Em Nápoles, no século XVII, transbordava música. Segue um relato de Joseph Jérôme Lefrançais de Lalande, na voyage d'un François em Italie Faict dans les Années 1765 & 1766:
“A música é aquilo que os napolitanos sabem fazer melhor. Parece que nesta cidade as membranas dos tímpanos são mais sensíveis a tudo o que é sonoro e harmonioso do que em qualquer outro lugar da Europa. Todos cantam; os gestos, o tom da voz, o ritmo das sílabas, até mesmo a conversação, tudo transpira música e harmonia. Dessa forma, na Itália, Nápoles é a principal fonte de múscia, de grandes compositores e de óperas extraordinárias. È aqui que Corelli, Vinci, Rinaldo di Capua, Jommelli, Durante, Leo, Pergolsi, Galuppi, Perez, Terradellas e tantos outros famosos compositores deram à luz as suas obras-primas.”

ANTÔNIO VIVALDI (1678-1741)

António Vivaldi foi um músico, compositor e sacerdote que nasceu em Veneza em 1678 e faleceu em Viena em 1741. A sua música infunde uma energia bem característica das obras-primas musicais do período Barroco, tal como se manifesta no excerto melódico que a seguir apresento. Foi um autor de uma genial obra musical muito vasta, tendo composto centenas de concertos e dezenas de óperas, sinfonias, serenatas, cantatas, sonatas, etc. Assim, conseguiu criar em grande quantidade e em qualidade. A sua obra mais conhecida é a Opus 8 que encerra as magistrais melodias d’ “As quatro estações”, hoje muito divulgadas através de um anúncio televisivo. Desde jovem, seguindo o exemplo do seu pai, que além de barbeiro era um violinista virtuoso, tornou-se em Veneza um dos maiores violinistas do seu tempo.

Escreveu também muitas obras sacras na sua qualidade de membro do clero católico, cuja mais conhecida obra coral é “Gloria” que marca a sua inspiração divina. Autores, sem fundamentação documental, indicam-nos que terá mantido um caso amoroso com uma aluna, uma vez que era professor de violino num orfanato de raparigas. O seu trabalho foi reconhecido em vida em grande parte da Europa, o que o levou a fazer grandes viagens. A sua obra influenciou fortemente o trabalho de Johann Sebastian Bach que se tornou um compositor revolucionário de transição na música erudita Europeia.


GEORG FRIEDRICH HANDEL

Georg Friedrich Handel é considerado um compositor barroco. Nasceu em 1685 numa cidade alemã chamada Halle. Em 2009, quando se comemoraram os 250 anos de sua morte, a casa onde nasceu foi reaberta ao público. A cidade que está ao lado de Leipzig e a 173 km de Berlim acolhe todos os meses de junho o Festival Handel.
Naquela época barroca, Halle era um importante centro musical. Formava com Leipzig um dueto dos mais “in”. Por lá esteve Friedermann Bach, filho mais velho de Johann Sebastian Bach, que foi professor de Handel!

Acontece que Handel depois viveu na Itália e um montão de tempo na Inglaterra, tanto que se naturalizou inglês. A casa que ele viveu de 1723 até sua morte em 1759 pode ser visitada em Londres, é a Casa Museu Handel.
Além de ser um mega compositor, entendia o “mercado”. Quando ele percebeu que as óperas estavam saindo de moda, inventou uma nova forma musical: o oratório. Que é uma grande cantata.

JOHANN SEBASTIAN BACH

Johann Sebastian Bach nasceu no dia 21 de março de 1685, em Eisenach, Alemanha. Cresceu em um ambiente propício, pois era membro de uma família de músicos. Tomava aulas de violino com o pai, violinista da corte de Eisenach, ao mesmo tempo que recebia lições de órgão e cravo com seu tio, organista da igreja de São Jorge.
De suas composições, duas das mais popularmente conhecidas são a "Tocata e Fuga em Ré Menor" e "Jesus, Alegria dos Homens". "Oferenda musical", "Oratório de Natal", e a inacabada "A Arte da Fuga" são outras grandiosas criações de Bach, que durante muito tempo teve sua obra considerada como mística e hermética.
Apesar da genialidade, Bach não foi compreendido nem devidamente no seu tempo. Após a sua morte, suas músicas praticamente caíram no esquecimento. Sua obra ficou nas sombras até 1829, quando Felix Mendelssohn regeu a Paixão Segundo São Mateus em Berlim, o que garantiu o resgate da obra do compositor e a sua consagração definitiva.